Descubra as belezas da Ilha de Paquetá que encantam cariocas e turistas
Luiz Melodia exalta em verso e prosa a vida pacata dos moradores da pequena ilha localizada no meio da Baía de Guanabara. Infelizmente, ao longo de muitos anos, Paquetá permaneceu abandonada pelas autoridades. Isso fez com que a qualidade de vida na região caísse e assim muitas pessoas deixaram de frequentar o local. Porém, no últimos tempos, o trajeto Praça XV - Paquetá vem recuperando o seu brilho.
A barca para a ilha sai, do Centro do Rio, em diversos horários. As embarcações antigas já dão a sensação de uma viagem no tempo. O clima de cidade do interior é característico do local: as charretes, o chão de terra batida, as bicicletas, os pescadores, as serestas, o pedalinho, as casas de muro baixo, o tempo que não passa. Tudo constrói um cenário peculiar em meio a rotina da metrópole.
Paquetá tem 12 praias e e uma área de preservação do ambiente cultural desde os anos 90. A circulação de carros é proibida, exceto os veículos da Polícia, Corpo de Bombeiros e SAMU. Para se locomover é preciso andar a pé, de charrete ou bicicleta. No caso da charrete, os preços são tabelados: o passeio em grupo (4 pessoas) custa R$ 35 e dura cerca de 60 minutos. O aluguel das bicicletas custa a partir de R$ 1,50 a hora. Há ainda a opção de pegar um Eco Táxi.
Confira outras atrações culturais da Ilha de Paquetá:
O Centro Cultural funciona num casarão do século XVIII que já serviu como locação para "A Moreninha", de 1970, filme baseado na obra de Joaquim Manuel de Macedo. A instituição atua na preservação e revitalização constante da Ilha, através de atividades culturais. "Nosso objetivo é valorizar e respeitar a identidade cultural local, nossa história, nossas lendas e modo único de vida em comunidade", conta José Lavrador Kevorkian, 62 anos, diretor da casa. Além de eventos musicais, culturais, saraus e exposições permanentes, o local possui uma série de projetos voltados para capacitação e formação de crianças e adolescentes. Um dos projetos é o Bem Me Quer Paquetá projeto que ensina música clássica para jovens carentes e organiza espetáculos com a participação de compositores renomados.
Praia da Moreninha:
Parada obrigatória para todos os visitantes. É a mais famosa da ilha, com a maior faixa de areia. Muitos restaurantes e diversas barraquinhas estão a disposição dos moradores e turistas. Em frente, apresentam-se a Ilha de Brocoió, patrimônio do Governo do Estado do Rio de Janeiro, e boa parte da Baía de Guanabara. No local, também está localizada a famosa Pedra da Moreninha que atrai diversos casais apaixonados. É um mirante de fácil acesso, através de escada e ponte de madeira, que possui uma vista espetacular. "Eu fiquei muitos anos sem frequentar a praia por causa das águas poluídas. Mas como as águas estão limpas, não tenho mais receio. É bom porque o mar é calmo, sem ondas. Perfeito para quem tem criança pequena, como eu", diz Maria das Graças, 44 anos, moradora da Taquara.
Solar D'El Rei:
Residência oficial de D. João VI que visitava a ilha com frequência e costumava chamar o local de Ilha dos Amores. Em meados do século passado, a propriedade passou a ser chamada de Solar D'El Rei e assim é conhecida até hoje. O imóvel foi tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), em 1937, e atualmente sedia a Biblioteca Popular de Paquetá. A relação da Ilha com o monarca também é visível devido ao Canhão de Saudação a D. João VI, localizado na praia dos Tamoios, em frente ao n° 341. A peça era utilizada para saudar a chegada da realeza ao bairro.
Parque Darke de Mattos:
O Parque possui árvores centenárias, uma trilha, dois mirantes e um terraço com vista para praias, montanhas, serras e outras ilhas ao redor. É comum ver pequenos animais circulando pelo local, como micos, borboletas e pássaros. Ao final do Parque, encontra-se uma praia pouco frequentada, mas belíssima. "Sempre que tenho um tempo livre trago toda minha família para cá. Nós organizamos piqueniques e as crianças brincam pelo gramado. Uma maravilha!", conta Gilberto Moeto, 32 anos, morador de Cascadura.
Cemitério dos Pássaros:
Um dos maiores orgulhos dos moradores de Paquetá. Único no Brasil, o cemitério de passarinhos e aves atrai pessoas de diversas regiões que vêm enterrar seus animais no local. As sepulturas são medidas em centímetros. Esculturas de pássaros e placas com frases como "Minha terra tem palmeiras, onde canta o sabiá. As aves que aqui gorjeiam, não gorjeiam como lá" completam o cenário. Nada de poder público em sua manutenção. "Nem sei como o cemitério surgiu. Aquilo estava abandonado. Minha mulher resolveu que seríamos os responsáveis pelo local. Depois que ela morreu, eu continuei o trabalho. Já faço esse trabalho há mais de 50 anos", diz o aposentado Theóphilo de Souza, 90 anos.
Como diz a letra do cantor e compositor Luiz Melodia: "Domingo santo ou qualquer dia / Pra aquietar, pra aquietar".
Visite Paquetá e surpreenda-se!